Brigas. Ciúmes. Escândalos. Discussões em público. Quase todo mundo já viveu ou conhece alguém que vive um relacionamento assim. Um caos. O momento em que a relação atravessa uma fronteira e fica difícil o diálogo, o respeito ou a paz. Fica difícil retornar para a estrada da admiração. Eu já escutei de muitos que isso é amor. Que amor sem paz é só amizade. É sem graça. E que briga, mas na cama se entende. Afirmo para você: Não é isso que o amor faz com as pessoas. Uma das coisas que a maturidade emocional me mostrou é que amor é paz. Não é amar para TER. É amar e SER a paz. É entender o outro com o olhar, é querer agradar e estancar um problema pequeno para não gerar explosões desnecessárias. É preservar a relação das ações do tempo. Da rotina. De si próprio e do próprio egoísmo. Ser feliz é relativo e tem gente que consegue ser feliz no caos, mas é olhando pelo retrovisor que se descobre que aquela vida não era uma vida de amor. Que amor não é nada disso que pregam os jovens descabidos de amor próprio. Você pode até gostar do ciúme controlador para inflar o seu ego, você pode até querer criar o caos para apaziguar os ânimos na cama, mas você pode fazer tudo isso sem desgastar a sua relação. Sem perder o respeito pelo outro e por você. Sem que as atitudes extrapolem os limites do cuidado. Da atenção. Da sincronicidade de energia que pode ajudar ao relacionamento a resistir aos abalos inevitáveis. Essa paz. Esse amor. Esse sentimento que é deitar-se na cama sabendo que você pode contar com o outro. Incentivando o outro a ser o próprio porto seguro. Incentivando o outro a crescer sem ter medo de ficar para trás, pois a paz que você sente naquela relação é tão bonita, que no fundo, ser feliz é o que importa. E quando não fizer mais sentido, quando não trouxer felicidade, cada um segue o rumo, o caminho e a vida. Com o coração até machucado, mas jamais estraçalhado por uma experiência ruim.
Edgard Abbehusen
Jornalista, roteirista, compositor, celebrante de casamentos e autor de livros.